segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

Evangelho Agnóstico de João


Atos de João

Complemento de Mateus 26, versículos 29A até 30
Antes que fosse preso pelo julgamento dos judeus, o Mestre nos reuniu a todos e disse:
"Antes que eu seja entregues a eles, cantaremos um hino ao Pai e, em seguida, iremos ao encontro daquilo que nos espera
Ele pediu que nos déssemos as mãos em roda e colocando-se no meio, disse:"Respondei- me Amém."
Começou , então a cantar um hino que dizia: "Gloria ao Pai". E nós ao redor lhe respondíamos: "Amém".
"Glória á Graça; glória ao Espírito; glória ao Santo; glória a sua glória." - Amém.
"Nós o louvamos, ó Pai; nós lhe damos graças, ó Luz em que não habita as trevas." - Amém.
"Agora direi porque damos graças:"
"Devo ser salvo e salvarei." - Amém.
"Devo ser liberto e libertarei." -Amém.
"Devo ser gerado e gerarei."-Amé m.
"Devo ouvir e serei ouvido."-Amém.
"Devo ser lembrado e sempre lembrarei."- Amém.
"Devo ser lavado e lavarei."-Amé m.
"A Graça dança em conjunto, eu devo tocar a flauta, dançai todos."-Amém.
"O reino dos anjos cantam louvores conosco."-Amé m
"Ao universo pertence àquele que participa da dança."-Amém.
"Quem participa da dança, não sabe o que vai acontecer."- Amém.
"Devo ir mas vou ficar."-Amém.
"Devo honrar e devo ser honrado."-Amé m.
"Não tenho morada mas estou em todas os lugares."-Amé m.
"Não tenho templo mas estou em todos os templos."-Amé m.
"Sou um espelho para aquele que me contempla."- Amém.
"Sou uma porta para aquele que bate."Amém.
"Sou um caminho para ti que passa."Amém.
"Se seguires minha dança, compreendes o que falo, guarda silêncio sobre meus mistérios."
"Tu, que participa da dança, compreende o que faço, pois a ti pertence esse sofrimento.!
"Tu não poderia de maneira alguma compreender o que sofre, se Eu não tivesse sido enviado como Logos do Pai."
"Viste o que sofro, me viste sofrendo, e não ficaste incessível, mas sim profundamente perturbado."
"Tu, que pela perturbação alcançaste a sabedoria, tens em mim um leito: repousa em mim."
"Saberás quem sou quando Eu tiver partido. O que pareço ser agora, não sou. Tu verás quando vieres."
"Se soubesse como sofrer, seria capaz de não sofrer mais. Aprende a sofrer e tornar-te-ás capaz de não mais sofrer."
"O que não sabes, eu mesmo vou ensinar. Sou teu Deus. Quero andar no mesmo ritmo das almas santas. Aprende comigo a palavra da sabedoria."
"Dize-me de novo: Glória ao Pai; glória ao Logo; glória ao Espírito Santo.
"Tu queres saber o que sou? Com a palavra revelei tudo, e não fui de modo algum revelado."
"Compreende bem: Eu estarei aqui. Quando tiveres compreendido, diz: Glória ao Pai !"-Amém.
Depois do Canto dos Salmos, saíram para o monte as Oliveiras.

EVANGELHO CRISTÃO, MATEUS 26 versículo 30

domingo, 11 de novembro de 2007

Carta a um amigo da alma

Que a entrega se dê na senda do verdadeiro amor... na paixão, o compartilhamento; na sedução, todavia, o engôdo - de quem seduz e de quem se deixa seduzir, pois quando assim se faz é porque energias afins encontraram pura ressonância.
Não há culpa, há sim a busca daquilo que se oculta por detrás das palavras, aquilo que é visto só pela alma.
Por um lado a moral é como éter, do outro, como a rocha. Que o equilíbrio se faça sem farsa.
Espero nada esperar, mas que o desprezo que sucede as conquistas seja rápido e não leve a alianças feitas na ilusão.
Converta as oscilações do coração em clareza de propósito, de integridade, ou que se rasgue com energia as cortinas que ocultam a fragilidade do eu.
Ama-te a ti, sobre todas as coisas, com o amor legítimo do Supremo e estarás pronto para dar o que tanto prometes, mas que ainda não tens.
Que neste capítulo se desfaçam príncipes e princesas.

Já ensinaste um truque a um animal domesticado?
Sentiste-te orgulhoso de o fazer obedecer-te?
Para que te serviu tal ato?
Silencio meu paladar.

Tudo o que conclamo a ti, o faço a mim primeiro, pois o que corre pelas tuas veias corre pelas minhas também... assim como ti, sou um Adamita.

O lema agora, no que concerne a elevação do eu ao seu estado superior, é que a integridade se faça ao próprio dano.
A escolha é por tornar-te teu próprio mestre ao invés de assim o ter o karma.
Nem tudo é relativo quando se trespassa a tridimensionalidade do olhar, pois mesmo a relatividade é sustentada pelo Eterno e Imanente Um.
Nas correntes do não-tempo reinam paz, amor, verdade, equilíbrio e outros atributos revelados até então só em metáforas.
Se o príncipe sobreviver à avalanche do não-tempo é porque teve coragem de, por sangria, depurar-se de todo veneno, preenchendo suas veias com luz ao invés de desejo e personalidade.
Luz azul é o que deve correr nas veias para se tornar um Rei à altura do trono almejado.
Impessoal, translúcido, compassivo, idílico e livre de toda personalidade.
Talvez tenha chegado hora de coisas impossíveis acontecerem, ou, de acordo com a predileção de cada um, não!

Saúdo hoje o livre-arbítrio... e seu tão esperado fim - para que a Verdadeira Vontade do Pai se cumpra através de todas as Suas faces, a saber, a face de cada um dos Seus filhos e filhas.

quarta-feira, 31 de outubro de 2007

Proteção e Amor

Sobre tudo, lembrem-se de serem gentis uns com os outros, prestando a cada um o devido respeito. Protejam a integridade uns dos outros. Nunca brinquem com a integridade de outrem. Sempre dêem lugar à mais alta percepção de tudo e todos; incluindo de si mesmos. Não acima dos outros, mas na mesma medida que a tudo mais. Sejam benevolentes, respeitosos e protetores de toda a integridade. Crianças do Um, acendam o Um em Tudo e o Tudo em Um. O Verdadeiro Amor seguirá estas coisas. Vocês são livres. Sejam felizes.

Satyavan - à sua própria tridimensionalidade.



Above all, remember to be kind to one another, paying each other the due respect.
Protect each other's integrity.
Never play with anyone's integrity.
Always give way to a high perception of everyone and everything; including your own self.
Not above other's selves, but the same way as to everything else.
Be kind, be respectful, be protective of all integrity.
Children of the One, light up the One in All and the All in One.
True love shall follow this all.
You are free.
Be happy.

Chicchan Vaxac

Conhecimento e Amor

Adquirimos muito conhecimento para camuflar intelectualmente nossa inadequância em relação ao amor.
O amor é simples!
O caminho do amor é a impecabilidade.
Impecável é o verdadeiro, o legítimo.
Isto sim é santo: No acerto ou no erro permanecer consciente de si e de suas propriedades tão quanto de suas impropriedades.
Para quem assim age não há falta ou culpa.
Ama-te e ateu próximo.
Sê tu consciente e verdadeiro consigo; isto o fará impecável.
Perfeição pode ser a ganância de um ego frágil.
Impecabilidade é amor verdadeiro.
Bábá Nám Kevalam
Tudo é uma expressão do Amor
Satyavan,
...dirindo-se a si antes de a qualquer outro.

terça-feira, 17 de abril de 2007

Exploração por Sarkar

'Você deve ter um propósito ético flamejante de modo que a cobiça, a opressão e a exploração murchem diante do fogo que está em você'
(Supreme Expression II)

'Aquele que explora as massas também é uma pessoa; nunca se deve perder isso de vista nem por um momento. A família humana é um conglomerado de diferentes elementos da raça humana. Corrigindo e precavendo-se contra as fragilidades humana com uma perspectiva liberal e tolerante, temos que prosseguir juntos em direção ao caminho da benevolência.'
(Human Society I)

quinta-feira, 29 de março de 2007

neo-humanismo revolucionário

Este artigo é o resumo de uma palestra sobre Neo-Humanismo Revolucionário apresentada no Grupo de Estudos de Prout - Teoria da Utilização Progressiva, que acontece na USP todas as 3as feiras, às 18h.

Humanismo vs Neo-Humanismo



As várias vertentes do pensamento Humanista posicionaram ideologicamente o ser humano no pináculo da criação, desenvolvendo na psique coletiva um sentimento antropocêntrico de supremacia sobre todos os outros 'companheiros de jornada evolutiva' com quem compartilhamos a vida na Terra. Este sentimento de superioridade causou ao longo das últimas décadas um desencadeamento de ações, atitudes e apropriações desastrosas para todas as formas de vida do planeta e suas reservas naturais, sem precedentes na história.
O resultado destas ações é claramente documentado hoje nos relatos sobre o efeito do impacto humano no ecossistema, no clima e na desigualdade econômica dos aglomerados urbanos.


O Neo-Humanismo proposto pelo pensador indiano, Prabhat Rainjan Sarkar (1921-1990), surge, não somente como uma resposta a este desastroso viés do comportamento de nossa espécie, mas como uma revolucionária ideologia de ações sanadoras para tal enfermidade anímica da psique coletiva, a saber, o complexo de superioridade racial.

De acordo com o pensamento de Sarkar, “a mente realiza várias atividades, como pensar, recordar, etc; e trabalha de três formas diferentes. Uma delas é o uso da discriminação. Qual a natureza da discriminação? “Eu devo fazer isto! Não, eu não devo fazer isto!...” Fazer ou não fazer. Quando os seres humanos julgam e discriminam o que é próprio e o que é impróprio, e escolhem o caminho certo, chamamos isto de consciência. O caminho da discriminação é chamado racionalidade. Quando a pessoa está avançando, guiada pela consciência, surgem alternativas lado a lado; o que é próprio e o que é impróprio, o que fazer e o que na fazer. Deve-se examinar tanto a propriedade como a impropriedade de uma questão para se tomar uma decisão. Quando, após esse exame, toma-se a decisão para o lado certo, chama-se a isto de ‘consciência’.


A segunda forma do movimento psíquico é sentimental. Aí não há discriminação do que é justo e do que é injusto, apenas gosta-se de algo e permite-se que a mente vá em busca deste algo.


No processo de deixar a mente perseguir alguma coisa, pode ser que do início ao fim, eu aja de maneira própria ou desejável, mas pode ser que, por todo o tempo, eu aja incorretamente, ou de modo indesejável. Este é um caminho arriscado, porque se a ação for incorreta, do início ao fim, não apenas uma pessoa poderá ser prejudicada, mas toda uma família, toda uma comunidade, todo um estado ou toda uma sociedade poderá ser levados à destruição total. (...)


Já os animais menos evoluídos que os seres humanos são incapazes disto. Eles não podem seguir o caminho da racionalidade ou da consciência. Os animais mais desenvolvidos seguem meramente o caminho do sentimento. Quando um animal gosta de alguma coisa, ele corre atrás dessa coisa, quando não gosta não a procura. Se um pássaro avista alguns grãos de arroz espalhados sobre uma rede, pensa: ‘Deixe-me descer e comê-los!’ E assim é apanhado na rede. (...) As criaturas menos evoluídas são destituídas até mesmo desse sentimento. Elas agem apenas de acordo com os instintos inatos; agem com a mente primitiva que herdaram ao nascer. (...) Um mosquito, guiado pelos seus instintos, suga o sangue sempre que pousa em outro corpo. Não podemos julgar suas ações como boas ou más, nem são elas sequer guiadas por sentimentos, isto eles não possuem de forma alguma. No caso dos animais desenvolvidos, o sentimento é maior que o instinto inato. E no caso dos seres mais desenvolvidos, como os seres humanos, há não só sentimento e racionalidade, como também a capacidade de discriminação.” *1


Sarkar afirma que, como seres humanos, devemos seguir o caminho da racionalidade e da discriminação. Quando deixamos que os sentimentos guiem nossa trajetória, seja como indivíduos, grupos ou como sociedade, abrimos as portas para os geo-sentimentos.

E o que são esses geo-sentimentos? É a permissão para que o fluir dos sentimentos em relação a um determinado território ou região cresça de forma errônea, sem que haja discriminação se tais sentimentos são lógicos ou ilógicos. Num primeiro momento, a racionalidade discriminatória é substituída pelo sentimentalismo e em seguida pela superstição. As teorias religiosas, econômicas, políticas e sociais que são baseadas no geo-sentimento, desde o seu início dão lugar a superstição e a oceanos de fé cega e dogmas que limitam a emancipação dos seres humanos em todas as esferas da vida.

Afirmações de que uma nação ou região é superior ou mais sagrada do que outra é um exemplo de geo-sentimento, assim como crenças de que peregrinações para lugares especiais conduzem à iluminação, ou que devemos meditar ou orar voltados para este ou aquele ponto cardinal, são outros exemplos deste mesmo sentimento. Toda a Terra é sagrada, assim como todo o Universo e suas inimagináveis direções e fronteiras também o são. Tudo está contido dentro da Grande Mente Cósmica e por ela é permeado; este Ser Supremo não habita em nenhuma região específica, o Universo inteiro é uma expressão Sua e assim sendo, tudo está embebido de valor Supremo – este é o conceito universal de Dharma.

Quando este mesmo sentimento irracional se dirige às pessoas ou grupos, Sarkar o chama de sócio-sentimento. Crenças infundadas de superioridade racial, étnica, religiosa, de gênero, discriminações sexistas, partidarismos e grupismos se enquadram dentro desta mesma lógica.

Tanto o sócio-sentimento como o geo-sentimento são formas forjadas de manipulação em massa e aprisionamento da mente coletiva. Quando ambos surgem, afirma Sarkar, ‘submergem a humanidade em um pântano de superstições e o povo luta na lama durante anos. O progresso é interrompido para sempre.’*1


Faz-se absolutamente necessário, neste e em todos os momentos da nossa jornada humana na Terra, que exercitemos nossas percepções para a máxima utilização das esferas mentais, cognitivas e discriminatórias a fim de que estes sentimentos sejam identificados e trazidos à luz de uma análise racional, proporcionando a abertura dos véus de ilusões separatistas, propositalmente confeccionados para manter a sociedade humana prisioneira das estruturas de dominação ideológica mercantilista. Não somente os geo-sentimentos e os sócio-sentimentos devem ser expostos ao conhecimento de toda a sociedade, para que esta os avaliem, mas também aqueles detratores que os forjam em suas salas de reunião, seus comitês políticos, agências de propaganda e veículos de comunicação para que sejam também conhecidos e avaliados por todos. Sarkar chama tais detratores da sociedade de ‘camaleões humanos’ e aponta suas ‘estratégias de sentimento metamorfoseado’, com as quais, antevendo o declínio na aderência às suas propagandas por parte da sociedade, metamorfoseiam seus apelos com renovados discursos de atração sentimentalista, fisgando grupos de pessoas pelas carências advindas das privações geradas e mantidas por seus próprios sistemas políticos, econômicos, sociais e pseudo-artísticos.

Prabhat Rainjan Sarkar aponta três caminhos a serem percorridos para a construção de uma sociedade Neo-Humanista:



  • A espiritualidade como prática:



O desenvolvimento de práticas conscienciais que habilitem os seres humanos a discernir sobre os mais diversos aspectos da vida de forma clara e racional, evitando o surgimento de geo e sócio-sentimentos; e práticas de introversão das faculdades cognitivas (como a meditação) para o auto-conhecimento e a apreensão da realidade interna da natureza humana.

  • A espiritualidade como essência:

A raça humana possui uma mente coletiva (inconsciente coletivo, como Jung o chamaria). Trata-se de um grande banco de dados, um depositário do conteúdo arquetípico, ou mítico, de todas as mentes. É preciso que ocorram mudanças no fluxo mental da mente coletiva. Devem ser criadas novas ondas de pensamento, ou seja, é preciso que semeemos novos padrões de pensamento dentro deste grande depositário de informações para que estes novos referenciais estejam disponíveis ao acesso das mentes individuais. Isto é feito através do que chamo ‘bombardeio ideológico’, no qual os ideais para um novo tempo, com uma ética neo-humanista, são apresentados às pessoas da sociedade por meio das artes (teatro, cinema, música, literatura, quadrinhos, pinturas, etc) e de conversas, palestras e seminários que apresentem estes novos referencias universalistas à mente coletiva.

  • A espiritualidade como missão:




É a clara compreensão de que você e a Consciência Suprema, o Núcleo Existencial Cósmico são Um, e que é possível afinar a sintonia com esta fonte - que recebe diferentes nomes em cada cultura da Terra - e assim fazer com que sua vida flua de maneira mais ressonante e harmoniosa com toda a Natureza.


A essência do Neo-Humanismo descansa sobre a clara percepção da sacralidade de toda a expressão cósmica, animada ou inanimada. Através da Teoria Gaia, proposta pela biologia contemporânea e pelos estudos de ecologia profunda, compreendemos a Terra como um macro-organismo, composto de infindáveis micro-organismos e estes por sua vez, comportam outros milhares de micro-organismos. Estes micro-organismos estão muitas vezes inconscientes do macro-organismo que os comporta. Assim como suas células não estão inteiramente cônscias da identidade, ou da personalidade por detrás do corpo que as transportam de um lado para outro, muitos de nós, seres humanos, viajamos pelas veias e artérias de nossas cidades sem darmos conta do grande corpo que habitamos e do impacto de nossas ações dentro desta grande estrutura. Como espécie de mente mais expandida neste planeta devemos nos mover para um despertar da consciência de quem somos, de onde estamos, de nossas ações e de nossa inerente responsabilidade, como ‘irmãos mais velhos da criação’ por manter o bem estar a todas as formas de vida que marcham no caminho da evolução, garantindo a este imenso universo de belíssimas formas e cores um presente e um futuro brilhante e bem sucedido.


Encerro com as palavras de P. R. Sarkar:
Sejam vocês os pioneiros de um novo tempo. Vitória para todos vocês!

Rogério Meggiolaro – Satyavan
Psicólogo, educador ambiental, instrutor de yoga. Dirige o Instituto Neo-Humanista Sada Shiva onde atualmente focaliza seu trabalho de forma a difundir ideais para uma revolução sócio-cultural baseada nos princípios da cultura de paz.