quinta-feira, 14 de março de 2013

TANTRA - FILOSOFIA E COMPORTAMENTO PARA EXPANSÃO DA CONSCIÊNCIA

O Tantra é uma filosofia do comportamento que surgiu há milênios e sobreviveu durante muitos séculos chegando aos dias de hoje. O Tantra, entre muitas coisas, como uma filosofia do comportamento, aborda a psicologia oriental, transpessoal, os relacionamentos de família e das pessoas em geral.

Muito do que a humanidade tem conhecido através do tempo a respeito de ensinamentos sobre o Tantra é tendencioso e, por muitas vezes, desvirtuado do seu ensinamento ancestral original. Portanto, é tão indispensável quanto difícil uma definição de acordo com pesquisadores deste assunto. Dependendo do contexto, significados particulares são encontrados. Nesta apresentação compartilhamos com a maioria dos pesquisadores que Tantra irá designar um corpo de doutrinas teóricas e práticas milenares ou obras nela inspiradas.

O tantra tem o Universo como uma malha, no qual tudo se encontra, onde tudo é interdependente, tudo age sobre tudo.

Quanto ao termo TANTRA, TAN (estirar, estender) somado ao sufixo TRA (que indica instrumentalidade), TAN-TRA, literalmente quer dizer instrumento de expansão do campo de consciência comum, neste sentido, dentre os vários significados do termo, os que nos interessam mais são: sucessão, desenvolvimento e processo contínuo.

Para o Tantra, sendo tudo interdependente, não é difícil entender que na Índia antiga tiveram influências exteriores contribuindo para a filosofia tântrica, bem como esta também influenciando sistemas filosóficos, religiosos e disciplinas yogues.

Tantra no que se refere ao estado de entrelaçamento e à interdependência de todas as coisas, não é somente um objeto de estudo para os pesquisadores, não é coisa do passado! Tem tudo haver com a vida do Homem moderno, a este, parece que a fonte dos problemas é externa, depositam-se culpas, mas não se assume a própria disposição mental de cada um. As situações externas vão depender da condição interna em que o indivíduo se encontra.

Agora se pode perceber melhor a importância do Tantra como filosofia e comportamento para expansão da consciência. Ser consciente leva o Homem a conquistar uma vida mais equilibrada, obtendo saúde física, mental, emocional e espiritual.

O Tantra é uma disciplina que leva o Homem a despertar a consciência através de suas experiências, sendo elas internas ou externas ao sujeito. Para o Tantra nada se obtém sem a prática, não basta estar consciente, mas sim ser consciente, revelando-se assim seu caráter experimental e confirmando o sentido de processo contínuo e desenvolvimento, que reflete bem o que é esta prática.

Como já foi dito, esta “prática é atemporal, destinada ao Homem desta idade sombria, em que o espírito é profundamente envolvido pela carne e o Homem já não dispõe da espontaneidade e do vigor espiritual de que gozava no início do ciclo, é incapaz de chegar diretamente a Verdade” (Mircea Eliade). Eis então o corpo revelado como o próprio cosmos e templo do Homem.

O corpo é importante no processo de desenvolvimento integral do Homem, e sendo assim, é importante mantê-lo - não nega-lo. Desta forma o corpo Humano recebeu um valor jamais alcançado na História espiritual da Índia, revelando como característica Tântrica sua atitude anti-ascética e em geral anti-especulativa: a saúde é um DEVER do Homem não um LUXO . Adquirir esta consciência leva o indivíduo a uma harmonia e equilíbrio entre o corpo-mente-espírito, a partir deste caráter de expansão, o Tantra não vê fronteira entre corpo e espírito; os obstáculos podem ser dissolvidos pela mente!

Sendo um processo contínuo é importante persistir no caminho. Do ponto de vista do discurso de alguns leigos, pensadores e de falsos mestres, pode parecer que o caminho tântrico é fácil, pela liberdade que a prática permite, no entanto esta facilidade é aparente, esta confusão justificou muitos excessos (por exemplo, orgias tântrica. Isto não é Tantra).

As interpretações aberrantes fazem parte da História, interpretações erradas levam a ações no mesmo sentido. Na verdade o caminho tântrico é longo e difícil, exigindo estudo e disciplina. Disciplinas descrevem o conhecimento de experiências a partir de mantras, mudras, símbolos e meditação, com objetivo de atingir estados de consciência elevados. O objetivo do yogin tântrico é atingir esta consciência primordial, esforçando-se para redescobrir o que precedeu a linguagem e a consciência do tempo.

Os ensinamentos e práticas que visam alcançar tais estados de consciência, somente são revelados por um mestre, não pertencendo à educação padrão que conhecemos no Ocidente, não se pode aprender em livros, deve-se “RECEBE-LOS”.

Buscando sempre o desenvolvimento, não somente a higiene e consciência corporal do indivíduo, mas também suas relações com a vida que o cerca. “Para o Tantra, nada se obtém sem a prática“.

O Tantra conduz o Homem a reconhecer a divindade nele mesmo, não se opondo desta forma a outras filosofias e religiões. O Tantra não possui dogmas e no fundo é um pensamento muito natural, contudo volto a afirmar que não é fácil como muitos pensam; é importante entender que desde o início o tantra teve seus ensinamentos passados de Mestre para discípulo - aspecto do Tantra que já fora revelado junto aos seus princípios básicos no desenvolvimento de uma civilização que existiu no Indo, que prosperou no norte da Índia, a milhares de anos atrás. Dos ensinamentos desta época, pouco se mantém da forma tradicional, perdeu-se as origens, a expansão deste conhecimento levou a perda da qualidade e seriedade do mesmo. Poucos são os Mestres que nos dias de hoje ainda transmitem o ensinamento da forma tradicional.

Quem pratica o Tantra procura o equilíbrio corporal e mental, sendo todos os ensinamentos orientados por um Mestre, e realizados com disciplina e responsabilidade, combinando estas práticas a sua ordem filosófica e comportamental.

Segundo o Tantra, um método correto não pode excluir o corpo e, acreditando num processo contínuo, é importante não compreender somente a consciência da vida, mas também a da morte, como continuidade da mesma. A reflexão sobre a morte, leva a uma tomada de consciência de caráter essencial, para que em vida nos livremos de angústias e medos, extraindo ensinamentos práticos para a vida, melhorando a qualidade desta e nos preparando para uma morte natural.

A importância da morte no processo de vida, não quer dizer que se ignora o sofrimento e os males que levam a ela, porém, é interessante fazer um paralelo; segundo os yogues, a senilidade e a doença são evitáveis, a simplicidade desta afirmação é apoiada numa experiência profunda e complexa tendo como objetivo a transformação.

Sendo um processo contínuo, o Tantra diz que uma transformação é possível, mas destruição nunca. Inicialmente o Tantra é uma maneira de ser e sentir, antes de se concretizar em determinadas técnicas ou rituais, sua manifestação vai além dos ritos e símbolos, dando acesso ao que há de oculto no Homem, despertando e expandindo a consciência.

Prof. Shri Joshi Satyanarayana



CONFERÊNCIA

http://www.vidyayoga.org.br/home2002/conferencia_2002_tantra.htm

domingo, 5 de agosto de 2012

The eight fetters of the mind & The six enemies of the mind

The aśtapásha (eight fetters of the mind):

  1. ghrńá (hatred, revulsion)
  2. shamká (doubt)
  3. bhaya (fear)
  4. lajjá (shyness, shame)
  5. jugupsá (dissemblance)
  6. kula (vanity of lineage)
  7. shiila (cultural superiority complex)
  8. mána (egotism) 
The sadaripu (six enemies of the mind)
  1. káma (physical desire)
  2. krodhá (anger)
  3. lobha (avarice)
  4. mada (vanity)
  5. moha (blind attachment)
  6. mátsarya (jealousy)


domingo, 22 de julho de 2012

AS QUATRO NOBRES VERDADES

AS QUATRO NOBRES VERDADES e O NOBRE CAMINHO ÓCTUPLO, que constituem o alicerce dos ensinamentos budistas.

Os dois princípios se juntam na estrutura dos ensinamentos formando uma unidade indivisível O DHARMA.

AS QUATRO NOBRES VERDADES

1. A Verdade da Existência do Sofrimento
Todos os seres estão sujeitos ao sofrimento.

2. A Verdade da Causa (ou Origem) do Sofrimento
A causa do sofrimento é o desejo (Ignorância).

3. A Verdade da Extinção do Sofrimento
A ignorância, causa do sofrimento, pode e deve ser superada ou transcendida.

4. A Verdade do Caminho que conduz à Extinção do Sofrimento
Indica os meios pelos quais pode-se obter a Extinção do Sofrimento, ou seja, através doNobre Caminho Óctuplo.

O NOBRE CAMINHO ÓCTUPLO

O Nobre Caminho Óctuplo é também chamado O Caminho do Meio; ele proporciona visão interior e o conhecimento que leva a paz, a sabedoria, a iluminação, o Nibbana. O Nobre Caminho Óctuplo é formado pela:

1. Compreensão Correta

Começando a trilhar o Caminho, devemos ver a vida de acordo com as suas três características: impermanência, insatisfatoriedade e insubstancialidade; devemos ter uma compreensão clara da natureza da existência, da lei moral, dos fatores e dos elementos que irão constituir o reino condicionado da vida ou Samsara. Devemos, então, fazer desse conhecimento a base de nossa aceitação das vicissitudes da vida.

2. Pensamento Correto

Significa que a nossa mente deve estar pura, livre da luxúria, da má vontade, da crueldade e do apego.

3. Palavra Correta

Significa abster-se de mentir, de caluniar, de usar palavras ofensivas, fúteis e vãs.
A palavra correta fica caracterizada pela sabedoria e pela bondade.

4. Ação Correta ou Conduta Correta

Significa abster-se de destruir vidas e desenvolver a amorosidade, não roubar e praticar a generosidade.

5. Meio de Vida Correto ou Ocupação Correta

Significa que deve ser evitado ganhar a vida numa profissão ou ocupação que possa ser prejudicial a outros seres vivos.

6. Esforço Correto

É subdividido em quatro partes:
O esforço para evitar o aparecimento de pensamentos negativos que ainda não surgiram;
O esforço para expulsar os pensamentos negativos já existentes;
O esforço para fazer surgir pensamentos bons e sadios ainda não existentes;
O esforço para manter, cultivar e desenvolver os pensamentos bons e sadios já existentes.
Praticando consciente o esforço correto, pode-se mais facilmente cultivar os mais elevados ideais espirituais, sendo estes denominados As Dez Perfeições:
a generosidade (dana), a moralidade (sila), a renúncia (nekkhamma), a sabedoria (panna), a energia (viriya), a paciência (khanti), a honestidade (sacca), a determinação (adhitthana), a bondade (metta) e a equanimidade (upekkha).

7. Plena Atenção Correta

Implica num estado constante de percepção nas atividades do corpo, nas sensações, nos diferentes estados da mente e nas idéias surgidas. O desenvolvimento desse tipo de atenção é necessário afim de evitar que o praticante seja guiado para fora do Caminho devido a errados pontos de vista.

8. Concentração Correta

É a última etapa do Caminho. Juntamente com a Plena Atenção formam o núcleo da Meditação. A Meditação é a atividade que nos leva a realização dos ensinamentos do Buddha, fazendo-os parte integral das nossas vidas em vez de apenas novos conjuntos de idéias para distrair a mente com especulações. A meditação livra-nos dos nossos hábitos padronizados, particularmente nosso envolvimento com os pensamentos e suas consequências emocionais.
Ao mesmo tempo ela molda e intensifica nosso poder da percepção direta: dá-nos olhos para ver a verdadeira natureza das coisas. O campo da pesquisa é nós mesmos, e por esta razão o foco da atenção é desviado e focalizado para o nosso interior.

segunda-feira, 11 de junho de 2012

Gurdjieff, Humanos ou Máquinas? Psicologia ou Mecânica?

- Que pensa da psicologia moderna? perguntei um dia a Gurdjieff, com a intensão de levantar a questão da psicanálise, da qual desconfiara desde o primeiro dia.
Mas G. não me permitiu ir tão longe.

- Antes de falarmos de psicologia, disse, devemos compreender claramente de que se trata essa ciência e de que não trata. O objeto próprio da psicologia são os homens, os seres humanos. De que psicologia - sublinhou a palavra - se trata quando cuidamos de máquinas? É da mecânica e não da psicologia que necessitamos para o estudo das máquinas. Por isso é que começamos pelo estudo da mecânica. Ainda falta percorrer um longo caminho para chegar à psicologia.
Perguntei:
- Pode um homem deixar de ser máquina?
- Ah! aí está a questão, disse G. . Se tivesse feito mais frequentemente semelhantes perguntas, talvez nossas conversas tivessem podido levar-nos a alguma parte. Sim, é possível deixar de ser máquina, mas, para isto, é necessário, antes de tudo, conhecer a máquina. Uma máquina, uma máquina real, não se conhece a si mesma e não pode conhecer-se. Quando uma máquina se conhece, desde esse instante deixou de ser máquina; pelo menos não é mais a mesma máquina que antes. Já começa a ser responsável por suas ações.
- Isso significa, segundo o senhor, que um homem não é responsável por suas ações?
- Um homem - frisou esta palavra - é responsável. Uma máquina não é responsável.

P. D. Ouspensky - Fragmentos de um conhecimento desconhecido - em busca do milagroso. Ed. Pensamento

domingo, 10 de junho de 2012

As 26 Qualidades Dáivicas

Estas qualidades, complementares das Qualidades Átmicas (post anterior neste blog), devem ser cultivadas pelo aspirante desejoso de alcançar o Daiva-Bhava, ou a mais elevada natureza, a qual conduzirá da escravidão das Gunas à Liberação, isto é, à transcendência do Espírito sobre a Matéria, levando-o pouco a pouco à Realização, que é a meta de todos os seres. Elas devem fazer parte da conduta de todos os seres humanos que desejam evoluir espiritualmente. - Estas qualidades são:

  • Ausência de temor ou medo;
  • Natureza pura;
  • Firme convicção na síntese de todo conhecimento (Yoga);
  • Doação e ajuda desinteressada - Caridades (Duna);
  • Domínio do Sentidos;
  • Oferenda com invocação - Sacrifício (Yagna);
  • Estudo espiritual;
  • Austeridade (Tapas);
  • Retidão (em todos os sentidos);
  • Impossibilidade de ferir (não causar dano a ser algum - Ahimsa);
  • Veracidade;
  • Ausência de desejos de vingança;
  • Dedicação;
  • Calma, Paz (ser sempre sereno e pacífico - Shanti);
  • Não imiscuir-se em insignificâncias (em atos baixos e em mesquinharias);
  • Compaixão por todos os seres;
  • Ausência de cobiça;
  • Afabilidade;
  • Humildade;
  • Constância;
  • Magnanimidade;
  • Perdão;
  • Atitude unificadora (conciliadora);
  • Pureza integral (física, mental e de coração);
  • Incapacidade de enganar (não enganar ninguém, em nenhum sentido);
  • Superação da vaidade e da presunção.
Estas qualidades são a herança dos Virtuosos.

As 26 Qualidades Dáivicas estão contidas no Swarupa Dharma Gita, Cap. VIII Vs. 2 a 4

quarta-feira, 6 de junho de 2012

As 8 Qualidades Átmicas


Estas são as Qualidades Átmicas que devem ser desenvolvidas pelos aspirantes e por aqueles que buscam alcançar a Realização. Elas levarão o aspirante a desenvolver em si mesmo a mais elevada natureza humana (Daiva-Bhava), e o tornarão apto a alcançar, através do Yoga (Meditação Yóguica), o mais alto estado de consciência alcançável pelo ser humano: - Prápti, a mais alta finalidade humana.

Estas qualidades são citadas no "Siksa Dharma Gita", capítulo V, vs 9 a 13. São elas:




  1. Amplitude de visão e discernimento;
  2. Ausência de orgulho;
  3. Inofensividade (não causar dano a qualquer ser vivente);
  4. Tolerância;
  5. Retidão;
  6. Pureza (de corpo, mente e coração);
  7. Firmeza (de caráter);
  8. Ausência de egoísmo.
Além das 8 qualidades, são citadas ainda as que seguem, as quais são também necessárias ao desenvolvimento do aspirante:

  • Disciplina mental;
  • Desapego;
  • Equilíbrio mental diante dos acontecimentos, tanto agradáveis como desagradáveis;
  • Reconhecimento dos males provenientes do nascimento, das enfermidades, da velhice e da morte, como necessários à evolução humana. Praticando assiduamente o Yoga (Meditação), com devoção somente ao Supremo Ser (Atma), o aspirante deve buscar paragens solitárias, afastando-se das multidões.
  • Fonte: Srimad Bhagavad Gita - Suddha Dharma Mandalam, Ed Ano 2002, pagina 69