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sábado, 18 de julho de 2015

Três Estágios de Expansão da Mente


No texto de hoje, gostaria de refletir sobre três estágios de expansão da mente vivenciados pelos aspirantes espirituais em sua jornada rumo à auto realização.

O primeiro estágio de expansão da mente se refere a um certo êxtase diante da aquisição e reprodução de conhecimento. Aqui, o aspirante espiritual se depara com uma vasta quantidade de informações que apontam para a Meta Suprema. Ele ou ela sente uma forte necessidade de ler livros, participar de seminários e palestras, assistir documentários, fazer pesquisas sobre assuntos que discorram sobre as capacidades inerentes à mente. Se encanta o aspirante espiritual em saber que pode atingir estados muito superiores ao que se encontra no momento presente e, ao sentar em uma roda de amigos, deleita-se em citar as informações adquiridas, argumentar, parafrasear autores renomados. Sente a profunda necessidade de que os demais saibam "das coisas" e que saiam da ignorância. Este estágio é marcado pela “crença” a respeito de algo maior.

Há, no entanto, um momento em que percebe que toda a informação que adquiriu é, por si só, híbrida; não é capaz de o fazer avançar ou expandir de fato suas capacidades mentais. Acredita que pode avançar, mas se dá conta que desconhece os “meios” para o fazer. Percebe que acreditar e citar textos e autores é insuficiente para se auto realizar. Necessita descobrir as técnicas e os métodos que levaram tantos seres à auto realização. Dá-se, então, início ao caminho da disciplina, da técnica e do método – o caminho do Yoga.


Ao ser iniciado nas disciplinas yóguicas, o aspirante espiritual se vê diante de uma nova aventura, cheia de desafios, entre eles o de pôr em suspensão todas as suas crenças e conhecimentos adquiridos, atendo-se somente à auto-observação. Deve evitar a qualquer custo a tentação de formar ideias novas sobre si mesmo, sobre os outros, sobre o mundo – não lhe é mais permitido “crer”, somente observar, sentir, presenciar. Nota que necessita do conselho de yogues mais experientes para discernir de forma crítica sobre a legitimidade de seu avanço em contraste com a tendência inerente à auto ilusão, mecanismo clássico do funcionamento da mente humana. Não raro, encontrar-se-á em profunda solitude, comungando consigo mesmo e com a Consciência Suprema. Mesmo na companhia de outros se sentirá só, desejará estar só, e compreenderá que a profundidade e a velocidade de seu avanço dependem de seu recolhimento solitário e dedicação à autodisciplina. Nota que é a “sinceridade” de sua prática que lhe provê o magnetismo necessário para atrair os recursos para cada próxima etapa de seu progresso.

Este estágio pode durar algumas vidas, e culmina no auto aperfeiçoamento do Ser. Através da autodisciplina, o aspirante espiritual conquista a Natureza, os cinco elementos que compõe seu corpo e a matéria, os sentidos e converte sua mente da condição de traiçoeira para sua maior aliada, aniquilando sua força de auto boicote. Pela observação e experiência direta, compreende o funcionamento das Leis que regem a Vida e a Ordem Cósmica.

Como resultado de seu sincero esforço, aprende a receber instruções diretas da Mente Cósmica, a Entidade Suprema. É neste estado que se inicia a jornada Tântrica. O aspirante espiritual realiza agora que as disciplinas pessoais, por mais imprescindíveis que sejam, são também limitadas; que os métodos e técnicas são como roupas apertadas. Seu único Yoga se tornou o Bhakti, a Devoção e a Entrega completa ao Ser Supremo. Vence suas limitações auto impostas, e flui agora em um fluxo contínuo de Bem-Aventurança. Sua motivação maior se torna o serviço para o bem-estar de toda a criação. Seus olhos são livres de qualquer dualidade ou discriminação, em tudo o que pousam reconhecem o Uno Indivisível, seu Amante Supremo – O ama em tudo e em todos, deseja somente Lhe dar prazer. Tal é o terceiro estágio de expansão da mente de um aspirante espiritual. Este se encontra livre de todas as crenças e disciplinas. As utiliza somente para dar exemplos aos jovens aspirantes e os inspirar a desenvolver a prática sincera. Está apto a retornar para Casa, fundir-se com a Fonte, com o Uno Indivisível, todavia, por compaixão posterga sua liberação final. Deseja ardentemente que a todos os seres sejam garantidas a possibilidade e os recursos necessários para que transcendam as aflições advindas do nascimento, envelhecimento, da doença, da morte e do renascimento.

O Tantra é certamente o caminho de todos os Budas, o caminho sem caminho. Há somente o caminhante e a Consciência Suprema, e ambos unificados em Um só Ser. Este estado de auto realização é o direito de nascimento de todos os seres, o desiderato único de toda a criação. Todas as pessoas inteligentes se lembram disto a todo o tempo e aceleram o passo rumo à auto realização do Ser. Como ensina meu Amante Supremo, a vida humana é muito curta, portanto, aproveite cada oportunidade possível para desenvolver-se através de disciplinas e práticas espirituais.

BABA NAM KEVALAM – TUDO É O SER SUPREMO

Profundo Namaskar
Satyavan Rogério


Dedicado aos pés de lótus de meu Amado Anandamurti, para o bem de todos. 

domingo, 26 de fevereiro de 2012

MEIO-BANHO (Vyapaka Shaoca)

“Mantenha seu corpo limpo e bem-cuidado como um templo”.
Shrii Shrii Anandamurti

Foi explicado anteriormente (Ponto 1: Uso de Água) que todas as ações produzem calor e que isto, indiretamente, afeta a mente. Assim, antes das atividades que requerem concentração ou tranquilidade – como meditar, comer, dormir etc. –, é aconselhável resfriar o corpo com um meio-banho. Esse método consiste em resfriar as partes do corpo com vasos estreitos, como as mãos e os pés, para que o sangue refrescado se espalhe rapidamente por todo o corpo.

O meio-banho é feito da seguinte forma: 
  • molha-se a região do órgão sexual, do umbigo para baixo;
  • molham-se as pernas, do joelho para baixo, e os braços, do cotovelo para baixo;
  • enche-se a boca com água, e joga-se, com a mão, água nos olhos abertos, por pelo menos 12 vezes, cuspindo a água em seguida;
  • faz-se a limpeza nasal da seguinte forma: enche-se uma mão (ou as duas) com água, encostando-a abaixo do nariz, com a cabeça abaixada. Depois, levanta-se a cabeça, deixando a água escorrer suavemente pelas narinas, até que ela saia pela boca. (Atenção: deve-se evitar assoar o nariz em seguida, pois a água pode se espalhar na região do ouvido, causando desconforto. 
  • Os novos praticantes podem usar pouca água, até se acostumar); coloca-se o dedo médio da mão direita no fundo garganta, para expelir o muco acumulado (é recomendável lavar as mãos antes);
  • molha-se atrás das orelhas e do pescoço e, por fim, a face.

Tudo isso é para ser feito com água fria. Os habitantes de regiões muito frias podem usar água morna, mas nunca com temperatura superior à do corpo. 

Depois que essa prática se torna habitual, ela não leva mais do que 2 ou 3 minutos.

A água espargida nos olhos é bastante saudável, pois ela evita alguns problemas de vista causados pelo calor, como a catarata. 

Essa prática também baixa a tensão ocular e alivia as dores de cabeça.

A limpeza do duto nasal e da garganta é outra recomendação excelente. 

Limpa várias partículas de pó acumuladas nos pêlos e nos dutos nasais no decorrer do dia. Quando são removidos a sujeira e o muco nasal, melhora-se o olfato e a respiração e são prevenidos, até certo ponto, os resfriados e as inflamações de garganta.

As partes do corpo localizadas por detrás da orelha e do pescoço acumulam muito calor. Por isso, quando molhamos essas áreas, sentimos uma sensação refrescante.

Os benefícios da água espargida nos olhos foram confirmados em pesquisas médicas. Descobriu-se que os mergulhadores profissionais, por permanecem muito tempo debaixo d’água, têm taxa metabólica baixa. Os médicos comprovaram em pacientes cardíacos esse fenômeno, que foi denominado “reflexo do mergulho”. Eles notaram que, quando eles ficavam com o rosto submerso em água fria, seus batimentos cardíacos caíam bastante. Após o meio-banho, esse efeito também ocorre, ou seja, o metabolismo cai, e, com isso, o organismo fica em estado apropriado para a meditação.

Assim, devido aos seus efeitos bastante benéficos, o meio-banho deve ser feito antes da meditação, das refeições (para acalmar o corpo e ajudar na digestão), das ásanas e de dormir. Porém, se após a meditação, a pessoa tiver que comer, fazer ásanas ou dormir, não será necessário outro meio-banho. Mas, pelo menos antes de comer, deve-se lavar as mãos e, se possível, os pés, pois neles há mais de 70 mil terminações nervosas. O meio-banho é também benéfico para as atividades que exigem concentração, como assistir a uma aula, ler um livro, ou qualquer outra atividade psíquica ou psicoespiritual. Se fizermos meio-banho e meditarmos um pouco antes de dormir, teremos sono tranqüilo.

Uma última orientação sobre o meio-banho: é importante secar bem a região púbica e os pés, especialmente os dedos, pois essas áreas ficam normalmente cobertas e acumulam calor e umidade. Nos pés, às vezes, se desenvolvem fungos. Para evitar a irritação da pele e a proliferação de fungos, pode-se usar o óleo de coco ou outro similar.

Shrii Shrii Anandamurti

A Importância da Linfa

Os gânglios linfáticos proveem a matéria prima – linfa – para as fábricas – as glândulas – e as linfas excedentes vão para o cérebro e nutrem as células nervosas no crânio. Quando a linfa entra em contato com uma glândula ativa, hormônios são criados.

Se alimentos picantes e estáticos, ou excesso de proteína animal for ingerido por homens, a quantidade de linfa diminuirá e a conversão de linfa em sêmen aumentará. Isto levará ao atraso intelectual. Pode ser observado que pessoas que ingerem muita proteína animal tendem a produzir muitos filhos.

Os homens deveriam ter controle apropriado sobre a conversão de linfa em sêmen. Isto é parte de Brahmacarya Sádhaná [meditação na Entidade Suprema]. Os homens devem ter controle apropriado sobre seus corpos. Seres humanos deveriam ser sutis na alimentação, mente e intelecto.

Apesar de os carnívoros serem mais astutos e espertos que os [granívoros], eles são geralmente menos intelectuais. Será muito difícil para um tigre, um gato ou um cão fazer prática espiritual. Um macaco ou uma vaca pode fazer tais práticas, pois eles obtêm muita clorofila de gramas, capins e outros vegetais verdes. Animais granívoros produzem mais linfa que os carnívoros, e é por isso que seus cérebros são mais desenvolvidos.

A linfa é necessária para a produção de leite. A maior parte das mulheres pode se mover com agilidade até terem seus bebês, mas depois de terem dado a luz, elas geralmente não se movem tão rapidamente.

Vegetarianos produzem mais linfas porque obtêm mais clorofila de folhas verdes e por isso seus cérebros são mais desenvolvidos do que os não-vegetarianos. Aqueles que consomem proteína animal [negligenciando vegetais verdes] sofrem de falta de linfa, pois a proteína animal possui muito pouca clorofila.

Linfa é produzida a partir da proteína animal também, mas dado o fato de a proteína animal produzir muito calor no corpo humano, a linfa é rapidamente convertida em sêmen.

Qual é a matéria inicial para a fabricação de linfa? Linfa é produzida a partir da energia e vitalidade adquiridas dos diferentes cinco elementos do universo, como a água, o ar e a luz. Esta é a matéria prima. O material final é Shukra [que possui 3 fases: linfa, espermatozoide e fluído seminal]. Esta é a matéria mais desenvolvida – o creme dos cremes! A clorofila acelera a produção de linfas, mas não age como a matéria prima.

Em certas pessoas, a maior parte da linfa é desperdiçada, e é por isso que elas são deficientes intelectualmente. Mas para os aspirantes espirituais, uma vez que a maior parte de sua linfa permanece no corpo, eles não deverão sofrer nenhuma deficiência intelectual. Esta é a razão pela qual o nível intelectual dos aspirantes espirituais é maior do que o das pessoas comuns.

Agentes catalíticos positivos ou negativos tem um efeito importante sobre a produção da linfa. Ambientes psíquicos e físicos positivos são agentes catalíticos positivos, e ambientes negativos estas esferas surtem efeito catalítico negativo. Mesmo que a comida ingerida seja sutil, se o ambiente for negativo haverá detrimento no progresso mental. Salas de cinema, prostíbulos e centros comerciais agitados são ambientes negativos. Más discussões, livros ruins, maus pensamentos predominantes na população são ambientes psíquicos negativos – catalíticos negativos. Se o ambiente for bom, como um local de práticas espirituais, o efeito catalítico será positivo. Se houverem muitos aspirantes espirituais e discussões elevadas, um ambiente psíquico positivo será criado e isto ajudará a fabricar linfa.

A linfa em si é um hormônio, e é convertida em outros hormônios pelas diferentes glândulas. Linfa é o hormônio inicial. A criação de hormônios nas outras glândulas depende de agentes catalíticos positivos ou negativos. É por esta razão que nos tempos antigos, Shiva enfatizou a importância da Satsaunga [associação com boas pessoas]. A Satsaunga provê um ambiente psíquico positivo. Boa companhia leva à liberação, enquanto má companhia leva a limitação, ao aprisionamento pelas amarras.

Shrii Shrii Anandamurti, Psicologia do Yoga (Yoga Psychology) 

quinta-feira, 29 de março de 2007

neo-humanismo revolucionário

Este artigo é o resumo de uma palestra sobre Neo-Humanismo Revolucionário apresentada no Grupo de Estudos de Prout - Teoria da Utilização Progressiva, que acontece na USP todas as 3as feiras, às 18h.

Humanismo vs Neo-Humanismo



As várias vertentes do pensamento Humanista posicionaram ideologicamente o ser humano no pináculo da criação, desenvolvendo na psique coletiva um sentimento antropocêntrico de supremacia sobre todos os outros 'companheiros de jornada evolutiva' com quem compartilhamos a vida na Terra. Este sentimento de superioridade causou ao longo das últimas décadas um desencadeamento de ações, atitudes e apropriações desastrosas para todas as formas de vida do planeta e suas reservas naturais, sem precedentes na história.
O resultado destas ações é claramente documentado hoje nos relatos sobre o efeito do impacto humano no ecossistema, no clima e na desigualdade econômica dos aglomerados urbanos.


O Neo-Humanismo proposto pelo pensador indiano, Prabhat Rainjan Sarkar (1921-1990), surge, não somente como uma resposta a este desastroso viés do comportamento de nossa espécie, mas como uma revolucionária ideologia de ações sanadoras para tal enfermidade anímica da psique coletiva, a saber, o complexo de superioridade racial.

De acordo com o pensamento de Sarkar, “a mente realiza várias atividades, como pensar, recordar, etc; e trabalha de três formas diferentes. Uma delas é o uso da discriminação. Qual a natureza da discriminação? “Eu devo fazer isto! Não, eu não devo fazer isto!...” Fazer ou não fazer. Quando os seres humanos julgam e discriminam o que é próprio e o que é impróprio, e escolhem o caminho certo, chamamos isto de consciência. O caminho da discriminação é chamado racionalidade. Quando a pessoa está avançando, guiada pela consciência, surgem alternativas lado a lado; o que é próprio e o que é impróprio, o que fazer e o que na fazer. Deve-se examinar tanto a propriedade como a impropriedade de uma questão para se tomar uma decisão. Quando, após esse exame, toma-se a decisão para o lado certo, chama-se a isto de ‘consciência’.


A segunda forma do movimento psíquico é sentimental. Aí não há discriminação do que é justo e do que é injusto, apenas gosta-se de algo e permite-se que a mente vá em busca deste algo.


No processo de deixar a mente perseguir alguma coisa, pode ser que do início ao fim, eu aja de maneira própria ou desejável, mas pode ser que, por todo o tempo, eu aja incorretamente, ou de modo indesejável. Este é um caminho arriscado, porque se a ação for incorreta, do início ao fim, não apenas uma pessoa poderá ser prejudicada, mas toda uma família, toda uma comunidade, todo um estado ou toda uma sociedade poderá ser levados à destruição total. (...)


Já os animais menos evoluídos que os seres humanos são incapazes disto. Eles não podem seguir o caminho da racionalidade ou da consciência. Os animais mais desenvolvidos seguem meramente o caminho do sentimento. Quando um animal gosta de alguma coisa, ele corre atrás dessa coisa, quando não gosta não a procura. Se um pássaro avista alguns grãos de arroz espalhados sobre uma rede, pensa: ‘Deixe-me descer e comê-los!’ E assim é apanhado na rede. (...) As criaturas menos evoluídas são destituídas até mesmo desse sentimento. Elas agem apenas de acordo com os instintos inatos; agem com a mente primitiva que herdaram ao nascer. (...) Um mosquito, guiado pelos seus instintos, suga o sangue sempre que pousa em outro corpo. Não podemos julgar suas ações como boas ou más, nem são elas sequer guiadas por sentimentos, isto eles não possuem de forma alguma. No caso dos animais desenvolvidos, o sentimento é maior que o instinto inato. E no caso dos seres mais desenvolvidos, como os seres humanos, há não só sentimento e racionalidade, como também a capacidade de discriminação.” *1


Sarkar afirma que, como seres humanos, devemos seguir o caminho da racionalidade e da discriminação. Quando deixamos que os sentimentos guiem nossa trajetória, seja como indivíduos, grupos ou como sociedade, abrimos as portas para os geo-sentimentos.

E o que são esses geo-sentimentos? É a permissão para que o fluir dos sentimentos em relação a um determinado território ou região cresça de forma errônea, sem que haja discriminação se tais sentimentos são lógicos ou ilógicos. Num primeiro momento, a racionalidade discriminatória é substituída pelo sentimentalismo e em seguida pela superstição. As teorias religiosas, econômicas, políticas e sociais que são baseadas no geo-sentimento, desde o seu início dão lugar a superstição e a oceanos de fé cega e dogmas que limitam a emancipação dos seres humanos em todas as esferas da vida.

Afirmações de que uma nação ou região é superior ou mais sagrada do que outra é um exemplo de geo-sentimento, assim como crenças de que peregrinações para lugares especiais conduzem à iluminação, ou que devemos meditar ou orar voltados para este ou aquele ponto cardinal, são outros exemplos deste mesmo sentimento. Toda a Terra é sagrada, assim como todo o Universo e suas inimagináveis direções e fronteiras também o são. Tudo está contido dentro da Grande Mente Cósmica e por ela é permeado; este Ser Supremo não habita em nenhuma região específica, o Universo inteiro é uma expressão Sua e assim sendo, tudo está embebido de valor Supremo – este é o conceito universal de Dharma.

Quando este mesmo sentimento irracional se dirige às pessoas ou grupos, Sarkar o chama de sócio-sentimento. Crenças infundadas de superioridade racial, étnica, religiosa, de gênero, discriminações sexistas, partidarismos e grupismos se enquadram dentro desta mesma lógica.

Tanto o sócio-sentimento como o geo-sentimento são formas forjadas de manipulação em massa e aprisionamento da mente coletiva. Quando ambos surgem, afirma Sarkar, ‘submergem a humanidade em um pântano de superstições e o povo luta na lama durante anos. O progresso é interrompido para sempre.’*1


Faz-se absolutamente necessário, neste e em todos os momentos da nossa jornada humana na Terra, que exercitemos nossas percepções para a máxima utilização das esferas mentais, cognitivas e discriminatórias a fim de que estes sentimentos sejam identificados e trazidos à luz de uma análise racional, proporcionando a abertura dos véus de ilusões separatistas, propositalmente confeccionados para manter a sociedade humana prisioneira das estruturas de dominação ideológica mercantilista. Não somente os geo-sentimentos e os sócio-sentimentos devem ser expostos ao conhecimento de toda a sociedade, para que esta os avaliem, mas também aqueles detratores que os forjam em suas salas de reunião, seus comitês políticos, agências de propaganda e veículos de comunicação para que sejam também conhecidos e avaliados por todos. Sarkar chama tais detratores da sociedade de ‘camaleões humanos’ e aponta suas ‘estratégias de sentimento metamorfoseado’, com as quais, antevendo o declínio na aderência às suas propagandas por parte da sociedade, metamorfoseiam seus apelos com renovados discursos de atração sentimentalista, fisgando grupos de pessoas pelas carências advindas das privações geradas e mantidas por seus próprios sistemas políticos, econômicos, sociais e pseudo-artísticos.

Prabhat Rainjan Sarkar aponta três caminhos a serem percorridos para a construção de uma sociedade Neo-Humanista:



  • A espiritualidade como prática:



O desenvolvimento de práticas conscienciais que habilitem os seres humanos a discernir sobre os mais diversos aspectos da vida de forma clara e racional, evitando o surgimento de geo e sócio-sentimentos; e práticas de introversão das faculdades cognitivas (como a meditação) para o auto-conhecimento e a apreensão da realidade interna da natureza humana.

  • A espiritualidade como essência:

A raça humana possui uma mente coletiva (inconsciente coletivo, como Jung o chamaria). Trata-se de um grande banco de dados, um depositário do conteúdo arquetípico, ou mítico, de todas as mentes. É preciso que ocorram mudanças no fluxo mental da mente coletiva. Devem ser criadas novas ondas de pensamento, ou seja, é preciso que semeemos novos padrões de pensamento dentro deste grande depositário de informações para que estes novos referenciais estejam disponíveis ao acesso das mentes individuais. Isto é feito através do que chamo ‘bombardeio ideológico’, no qual os ideais para um novo tempo, com uma ética neo-humanista, são apresentados às pessoas da sociedade por meio das artes (teatro, cinema, música, literatura, quadrinhos, pinturas, etc) e de conversas, palestras e seminários que apresentem estes novos referencias universalistas à mente coletiva.

  • A espiritualidade como missão:




É a clara compreensão de que você e a Consciência Suprema, o Núcleo Existencial Cósmico são Um, e que é possível afinar a sintonia com esta fonte - que recebe diferentes nomes em cada cultura da Terra - e assim fazer com que sua vida flua de maneira mais ressonante e harmoniosa com toda a Natureza.


A essência do Neo-Humanismo descansa sobre a clara percepção da sacralidade de toda a expressão cósmica, animada ou inanimada. Através da Teoria Gaia, proposta pela biologia contemporânea e pelos estudos de ecologia profunda, compreendemos a Terra como um macro-organismo, composto de infindáveis micro-organismos e estes por sua vez, comportam outros milhares de micro-organismos. Estes micro-organismos estão muitas vezes inconscientes do macro-organismo que os comporta. Assim como suas células não estão inteiramente cônscias da identidade, ou da personalidade por detrás do corpo que as transportam de um lado para outro, muitos de nós, seres humanos, viajamos pelas veias e artérias de nossas cidades sem darmos conta do grande corpo que habitamos e do impacto de nossas ações dentro desta grande estrutura. Como espécie de mente mais expandida neste planeta devemos nos mover para um despertar da consciência de quem somos, de onde estamos, de nossas ações e de nossa inerente responsabilidade, como ‘irmãos mais velhos da criação’ por manter o bem estar a todas as formas de vida que marcham no caminho da evolução, garantindo a este imenso universo de belíssimas formas e cores um presente e um futuro brilhante e bem sucedido.


Encerro com as palavras de P. R. Sarkar:
Sejam vocês os pioneiros de um novo tempo. Vitória para todos vocês!

Rogério Meggiolaro – Satyavan
Psicólogo, educador ambiental, instrutor de yoga. Dirige o Instituto Neo-Humanista Sada Shiva onde atualmente focaliza seu trabalho de forma a difundir ideais para uma revolução sócio-cultural baseada nos princípios da cultura de paz.