domingo, 26 de fevereiro de 2012

MEIO-BANHO (Vyapaka Shaoca)

“Mantenha seu corpo limpo e bem-cuidado como um templo”.
Shrii Shrii Anandamurti

Foi explicado anteriormente (Ponto 1: Uso de Água) que todas as ações produzem calor e que isto, indiretamente, afeta a mente. Assim, antes das atividades que requerem concentração ou tranquilidade – como meditar, comer, dormir etc. –, é aconselhável resfriar o corpo com um meio-banho. Esse método consiste em resfriar as partes do corpo com vasos estreitos, como as mãos e os pés, para que o sangue refrescado se espalhe rapidamente por todo o corpo.

O meio-banho é feito da seguinte forma: 
  • molha-se a região do órgão sexual, do umbigo para baixo;
  • molham-se as pernas, do joelho para baixo, e os braços, do cotovelo para baixo;
  • enche-se a boca com água, e joga-se, com a mão, água nos olhos abertos, por pelo menos 12 vezes, cuspindo a água em seguida;
  • faz-se a limpeza nasal da seguinte forma: enche-se uma mão (ou as duas) com água, encostando-a abaixo do nariz, com a cabeça abaixada. Depois, levanta-se a cabeça, deixando a água escorrer suavemente pelas narinas, até que ela saia pela boca. (Atenção: deve-se evitar assoar o nariz em seguida, pois a água pode se espalhar na região do ouvido, causando desconforto. 
  • Os novos praticantes podem usar pouca água, até se acostumar); coloca-se o dedo médio da mão direita no fundo garganta, para expelir o muco acumulado (é recomendável lavar as mãos antes);
  • molha-se atrás das orelhas e do pescoço e, por fim, a face.

Tudo isso é para ser feito com água fria. Os habitantes de regiões muito frias podem usar água morna, mas nunca com temperatura superior à do corpo. 

Depois que essa prática se torna habitual, ela não leva mais do que 2 ou 3 minutos.

A água espargida nos olhos é bastante saudável, pois ela evita alguns problemas de vista causados pelo calor, como a catarata. 

Essa prática também baixa a tensão ocular e alivia as dores de cabeça.

A limpeza do duto nasal e da garganta é outra recomendação excelente. 

Limpa várias partículas de pó acumuladas nos pêlos e nos dutos nasais no decorrer do dia. Quando são removidos a sujeira e o muco nasal, melhora-se o olfato e a respiração e são prevenidos, até certo ponto, os resfriados e as inflamações de garganta.

As partes do corpo localizadas por detrás da orelha e do pescoço acumulam muito calor. Por isso, quando molhamos essas áreas, sentimos uma sensação refrescante.

Os benefícios da água espargida nos olhos foram confirmados em pesquisas médicas. Descobriu-se que os mergulhadores profissionais, por permanecem muito tempo debaixo d’água, têm taxa metabólica baixa. Os médicos comprovaram em pacientes cardíacos esse fenômeno, que foi denominado “reflexo do mergulho”. Eles notaram que, quando eles ficavam com o rosto submerso em água fria, seus batimentos cardíacos caíam bastante. Após o meio-banho, esse efeito também ocorre, ou seja, o metabolismo cai, e, com isso, o organismo fica em estado apropriado para a meditação.

Assim, devido aos seus efeitos bastante benéficos, o meio-banho deve ser feito antes da meditação, das refeições (para acalmar o corpo e ajudar na digestão), das ásanas e de dormir. Porém, se após a meditação, a pessoa tiver que comer, fazer ásanas ou dormir, não será necessário outro meio-banho. Mas, pelo menos antes de comer, deve-se lavar as mãos e, se possível, os pés, pois neles há mais de 70 mil terminações nervosas. O meio-banho é também benéfico para as atividades que exigem concentração, como assistir a uma aula, ler um livro, ou qualquer outra atividade psíquica ou psicoespiritual. Se fizermos meio-banho e meditarmos um pouco antes de dormir, teremos sono tranqüilo.

Uma última orientação sobre o meio-banho: é importante secar bem a região púbica e os pés, especialmente os dedos, pois essas áreas ficam normalmente cobertas e acumulam calor e umidade. Nos pés, às vezes, se desenvolvem fungos. Para evitar a irritação da pele e a proliferação de fungos, pode-se usar o óleo de coco ou outro similar.

Shrii Shrii Anandamurti

A Importância da Linfa

Os gânglios linfáticos proveem a matéria prima – linfa – para as fábricas – as glândulas – e as linfas excedentes vão para o cérebro e nutrem as células nervosas no crânio. Quando a linfa entra em contato com uma glândula ativa, hormônios são criados.

Se alimentos picantes e estáticos, ou excesso de proteína animal for ingerido por homens, a quantidade de linfa diminuirá e a conversão de linfa em sêmen aumentará. Isto levará ao atraso intelectual. Pode ser observado que pessoas que ingerem muita proteína animal tendem a produzir muitos filhos.

Os homens deveriam ter controle apropriado sobre a conversão de linfa em sêmen. Isto é parte de Brahmacarya Sádhaná [meditação na Entidade Suprema]. Os homens devem ter controle apropriado sobre seus corpos. Seres humanos deveriam ser sutis na alimentação, mente e intelecto.

Apesar de os carnívoros serem mais astutos e espertos que os [granívoros], eles são geralmente menos intelectuais. Será muito difícil para um tigre, um gato ou um cão fazer prática espiritual. Um macaco ou uma vaca pode fazer tais práticas, pois eles obtêm muita clorofila de gramas, capins e outros vegetais verdes. Animais granívoros produzem mais linfa que os carnívoros, e é por isso que seus cérebros são mais desenvolvidos.

A linfa é necessária para a produção de leite. A maior parte das mulheres pode se mover com agilidade até terem seus bebês, mas depois de terem dado a luz, elas geralmente não se movem tão rapidamente.

Vegetarianos produzem mais linfas porque obtêm mais clorofila de folhas verdes e por isso seus cérebros são mais desenvolvidos do que os não-vegetarianos. Aqueles que consomem proteína animal [negligenciando vegetais verdes] sofrem de falta de linfa, pois a proteína animal possui muito pouca clorofila.

Linfa é produzida a partir da proteína animal também, mas dado o fato de a proteína animal produzir muito calor no corpo humano, a linfa é rapidamente convertida em sêmen.

Qual é a matéria inicial para a fabricação de linfa? Linfa é produzida a partir da energia e vitalidade adquiridas dos diferentes cinco elementos do universo, como a água, o ar e a luz. Esta é a matéria prima. O material final é Shukra [que possui 3 fases: linfa, espermatozoide e fluído seminal]. Esta é a matéria mais desenvolvida – o creme dos cremes! A clorofila acelera a produção de linfas, mas não age como a matéria prima.

Em certas pessoas, a maior parte da linfa é desperdiçada, e é por isso que elas são deficientes intelectualmente. Mas para os aspirantes espirituais, uma vez que a maior parte de sua linfa permanece no corpo, eles não deverão sofrer nenhuma deficiência intelectual. Esta é a razão pela qual o nível intelectual dos aspirantes espirituais é maior do que o das pessoas comuns.

Agentes catalíticos positivos ou negativos tem um efeito importante sobre a produção da linfa. Ambientes psíquicos e físicos positivos são agentes catalíticos positivos, e ambientes negativos estas esferas surtem efeito catalítico negativo. Mesmo que a comida ingerida seja sutil, se o ambiente for negativo haverá detrimento no progresso mental. Salas de cinema, prostíbulos e centros comerciais agitados são ambientes negativos. Más discussões, livros ruins, maus pensamentos predominantes na população são ambientes psíquicos negativos – catalíticos negativos. Se o ambiente for bom, como um local de práticas espirituais, o efeito catalítico será positivo. Se houverem muitos aspirantes espirituais e discussões elevadas, um ambiente psíquico positivo será criado e isto ajudará a fabricar linfa.

A linfa em si é um hormônio, e é convertida em outros hormônios pelas diferentes glândulas. Linfa é o hormônio inicial. A criação de hormônios nas outras glândulas depende de agentes catalíticos positivos ou negativos. É por esta razão que nos tempos antigos, Shiva enfatizou a importância da Satsaunga [associação com boas pessoas]. A Satsaunga provê um ambiente psíquico positivo. Boa companhia leva à liberação, enquanto má companhia leva a limitação, ao aprisionamento pelas amarras.

Shrii Shrii Anandamurti, Psicologia do Yoga (Yoga Psychology) 

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Agir como Buda

Refletir sobre a causa é agir como Buda;
Refletir sobre a conseqüência é agir como homem.

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Folha ao Vento e a Disposição do Guerreiro


"Procurar a perfeição do espírito do guerreiro é o único empreendimento digno de nossa virilidade."

[...]

" - Você se sente como uma folha à mercê do vento, não é? - disse ele, por fim, olhando fixamente para mim.

Era exatamente como eu me sentia. Ele parecia ter empatia em relação a mim. Disse-me que meu estado de espírito lembrava-lhe uma canção e começou a cantar num tom baixo; sua voz era muito agradável e as palavras me transportaram. 'Como estou longe do céu onde nasci. Uma imensa nostalgia me invade o pensamento. Agora que estou tão só e triste, qual folha ao vento, às vezes quero chorar, às vezes quero rir de saudade. '

Ficamos um tempo enorme sem dizer uma palavra. Afinal, Dom Juan rompeu o silêncio.

- Desde o dia em que você nasceu, de uma maneira ou de outra, as pessoas têm feito alguma coisa a você.

- Está certo - concordei.

- E têm feito coisas a você contra sua vontade.

- É verdade.

- E agora você está indefeso como uma folha ao vento.

- Certo. É assim que é.

Falei que as circunstâncias de minha vida, por vezes, tinham sido arrasadoras. Escutou com atenção, mas não conseguia saber se ele estava sendo simpático ou se realmente se interessava, até que percebi que ele estava tentando disfarçar um sorriso.

- Por mais que você sinta pena de si mesmo, vai ter que mudar isso - disse ele, em voz baixa. - Não condiz com a vida de um guerreiro.

Ele riu e tornou a cantar a canção, mas mudou a entonação de certas palavras; o resultado foi um lamento cômico. Observou que o motivo pelo qual eu gostara da canção fora porque em minha própria vida eu não fizera outra coisa senão encontrar defeito em tudo e lamentar-me. Não pude discutir com ele. Tinha razão. No entanto, eu acreditava ter motivos suficientes para justificar minha impressão de ser como uma folha ao vento.

- A coisa mas difícil deste mundo é adquirir a disposição de um guerreiro - disse ele - Não adianta ficar triste, queixar-se e achar justificativas para isso, acreditando que alguém está sempre nos fazendo alguma coisa. Ninguém faz nada a ninguém, muito menos a um guerreiro.

- Você está aqui, comigo, porque quer estar aqui. A essa altura, já devia ter assumido plena responsabilidade, de modo que a idéia de estar à mercê do vento fosse inadmissível.

[...]

- Precisamos da disposição de guerreiro para todos os atos - disse ele. - Senão, ficamos fracos e feios. Não existe poder numa vida que não tenha essa disposição. Olhe para si. Tudo o ofende e perturba. Geme e reclama e acha que todo mundo está abusando de você. É uma folha à mercê do vento. Não existe poder em sua vida. Que sentimento feio isso deve ser!

'Um guerreiro, ao contrário, é um caçador. Calcula tudo. Isso é controle. Mas, uma vez terminados seus cálculos, ele age. Entrega-se. Isso é abandono. Um guerreiro não é uma folha à mercê do vento. Ninguém pode empurrá-lo; ninguém pode obrigá-lo a fazer coisas contra si ou contra o que acha certo. Um guerreiro é preparado para sobreviver e ele sobrevive da melhor maneira possível. '

Gostei da posição dele, embora considerasse nada realista. Parecia simplista demais para o mundo complexo em que eu vivia.

Ele riu de meus argumentos e eu insisti que a disposição de um guerreiro não podia ajudar-me a dominar a sensação de estar ofendido, ou de ser ferido de fato pelo ato de meus semelhantes, como no caso hipotético de ser fisicamente atormentado por uma pessoa cruel e maldosa, colocada num posto de autoridade. Ele confessou que o exemplo era adequado.

- Um guerreiro pode ser ferido, mas não ofendido - disse ele. Para um guerreiro, não há nada de ofensivo nos atos de seus semelhantes, enquanto ele estiver agindo dentro da disposição correta.

'Na outra noite, você não ficou ofendido com a onça. O fato de ela nos perseguir não o irritou. Não ouvi maldizê-la, nem que ela não tinha o direito de nos perseguir. Podia ter sido uma onça cruel e maldosa, ao que você soubesse. Mas isso não pesou para você, quando estava tentando evitá-la. A única coisa que interessava era sobreviver. E isso você fez muito bem.

'Se estivesse sozinho e a onça o tivesse pegado e estraçalhado até à morte, não lhe ocorreria sequer reclamar ou ficar ofendido com os atos dela.

'A disposição de um guerreiro não é assim tão rebuscada para seu mundo ou de qualquer pessoa. Você precisa dela para poder livrar-se de todas as besteiras.'

Expliquei meu raciocínio. A onça e meus semelhantes não estavam num pé de igualdade, porque eu conhecia os maneirismos íntimos dos homens, enquanto que não sabia nada a respeito da onça. O que me ofendia em meus semelhantes era que eles agiam maldosamente e em plena consciência.

- Sei disso, sei disso - falo pacientemente. - Conseguir a disposição de um guerreiro não é coisa fácil. É uma revolução. Considerar a onça e os ratos-d'água e nossos semelhantes como iguais é um ato magnífico do espírito do guerreiro. É preciso poder para fazer isso.

(Viagem a Ixtlan - Carlos Castaneda. Ed. Record)

domingo, 4 de outubro de 2009

the warrior


“The self-confidence of the warrior is not the self-confidence of the average man. The average man seeks certainty in the eyes of the onlooker and calls that self-confidence. The warrior seeks impeccability in his own eyes and calls that humbleness. The average man is hooked to his fellow men, while the warrior is hooked only to infinity.”


Carlos Castaneda

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Os Estados de Êxtase e a Origem da Meditação

 Diferente do estudo arqueológico sobre os restos ósseos humanos mais remotos, passíveis de datação, os estados mentais dos nossos ancestrais pré-históricos perderam-se com eles pelos meandros do tempo. A evolução nos mostra que o desenvolvimento do cérebro se deu a partir de um acumulo de funções cada vez mais complexas sobre a estrutura cerebral de nossos antepassados pré-hominídeos, ou seja, sobre o complexo reptiliano, também chamado de cérebro límbico.

Em algum momento, experiências de êxtase foram vividas, deixando nessa estrutura cerebral ancestral impressões que, no tardar de nossa evolução alavancaram a sistematização de técnicas e métodos a partir dos quais tais estados pudessem ser revividos. Um dos mais sofisticados destes métodos conhecido hoje é a meditação.

Através da observação de povos que ainda nos dias de hoje vivem como na Idade da Pedra, como por exemplo, os habitantes do deserto de Kalahari ou os montanheses da Nova Guiné, povos caçadores e coletores cuja cultura permanece xamanística, extraímos pistas do nosso passado oculto e misterioso.

“É provável que muitas oportunidades ou situações tenham levado nossos ancestrais a descobrir que ao se fazer certas coisas, culminava-se em estados alterados de consciência, levando ao êxtase, por exemplo!”

“Os arqueólogos afirmam que somente a cerca de cinqüenta mil anos atrás a evolução humana atingiu a capacidade cerebral que persiste até hoje, todavia, a experiência extática possivelmente remonta a muito mais tempo do que isso.”

“Um evento datável dessa pré-história há de ter sido a domesticação do fogo, que se supõe haja ocorrido por volta de oitocentos mil anos atrás. Em suas cavernas os grupos proto-humanos tiveram fogueiras em torno das quais se aconchegavam durante as noites frias e amedrontadoras. Nessas ocasiões eles podem ter experimentado os primeiros êxtases. Os efeitos psicológicos do fato de ficarem sentados longas horas diante das fogueiras devem ter sido pronunciados. O fogo poderia tornar-se uma presença misteriosa, como provedor de conforto e proteção, até mesmo um ser ‘divino’. A focalização das labaredas bailarinas por longas horas, acrescida da suspensão de outros estímulos sensoriais, bem poderia ter produzido estados estáticos, cabendo às chamas afastar a consciência do seu padrão de luta-fuga, para um estado alterado, mais calmo, de repouso em vez de ansiedade.”

“Os estados meditativos exibem exatamente essa calma e podem ser produzidos por uma longa concentração num único objeto de atenção, o ‘objeto de meditação’.”

“O fato de tantas religiões primitivas terem usado o fogo no ritual e no simbolismo confirma o poderoso domínio que esse elemento exerce sobre a consciência humana, remanescentes das primeiras confrontações com essa ‘substância’ reveladora de mistério. Com efeito, o filósofo fenomenologista francês Gastón Bachelard dedicou um livro inteiro à análise do impacto psicológico do fogo (The Psychoanalysis of Fire, Boston, Beacon Press, 1964), onde concluiu:

“Estamos quase certos de que o fogo é precisamente o primeiro objeto, o primeiro fenômeno, sobre o qual a mente humana refletiu; entre todos os fenômenos, apenas o fogo é suficientemente prezado pelo homem pré-histórico para despertar nele o desejo do conhecimento, sobretudo porque acompanha nele o desejo do amor. Não há dúvida de que se tem proclamado amiúde que a conquista do fogo separou de uma vez por todas o homem do animal, mas talvez não se tenha notado que a mente em seu estado primitivo, a par da sua poesia e do seu conhecimento, desenvolveu-se na meditação diante de uma fogueira”. (Bachelard, pág. 55)

Além do êxtase gerado pela observação do fogo, podemos nos remeter ao silenciamento dos sentidos - e até mesmo dos pensamentos - de um caçador ante a um animal selvagem, imóvel, extático, alerta e, no entanto, pronto para agir. O próprio ato de fazer amor, que leva o ser humano ao abandono extático pós-orgasmo, que o deixa fora de si diante da consumação sexual. A própria resposta às doenças e aos estados traumáticos onde uma dor insuportável acomete um indivíduo, levando-o a rota de fuga do êxtase ou até para uma experiência fora do corpo.

O que desde a antiguidade se percebe, é que as pessoas que experimentavam tais projeções da consciência no êxtase se tornavam diferentes, com sua psique e seus poderes pessoais transformados, adotando, não raro, o papel de líderes e curadores de seus grupos, o xamã

“As culturas xamanísticas dão o mais alto valor a essas experiências de autotransformação extática. Ainda que possam ocorrer em anos muito tenros, proporcionam ao indivíduo um contato inesquecível com o ‘divino’ e com seu ‘poder’, iniciando-o assim na idade adulta. Sem esse contato a pessoa é considerada incompleta, incapaz de aproveitar as principais fontes do poder para o bem estar.”

“Por infelicidade não levamos as pessoas a essas experiências nem por meio da forma coerciva e inescapável de iniciação, como a que se praticava no templo grego de Elêusis – aonde os peregrinos iam uma vez na vida para que seus olhos se abrissem para a realidade extática dos mistérios da vida e da morte – nem por meio daquela que se exigia de todos os jovens, como na busca da visão xamânica, onde não alcançar o êxtase significava o ridículo social. Em conseqüência disso nossa psique permanece desequilibrada, capaz de ter experiências apenas de natureza estética e religiosa racional, ou pseudo racional.

Os povos arcaicos consideravam incompletos tais indivíduos, sem força, por carecerem da participação extática nas fontes fundamentais da vida, que eles chamavam ‘divino’ ou ‘reino do poder do espírito’. Enquanto a sua sensitividade permanecia fluída, eles levavam jovens a tentar as iniciações porque estes ainda não haviam desenvolvido a rígida organização psicológica imposta aos adultos mais moços, que tinham que se adaptar cada vez mais ao que Freud denominou o ‘princípio da realidade’.

Os povos arcaicos possuíam também um conhecimento incrivelmente sofisticado da flora e da fauna do seu meio ambiente, tendo descoberto plantas comestíveis, medicinais e psicoativas, que tinham funções específicas para a sua sobrevivência. O interessante é que ao descobrirem as plantas psicoativas, eles não as jogaram fora como inutilidade, mas colheram-nas com todo o cuidado, tratando-as como se fossem poderes sagrados que possibilitavam o acesso aos reinos estáticos do espírito e da força, usando-as como sacramentos rituais conducentes ao bem-estar. Além disso, as provas extraídas dos primeiros registros históricos (védicos, taoistas e de outras tradições locais) mostram que o uso dessas plantas foi tomado de empréstimo às culturas xamanísticas anteriores, por civilizações que se desenvolveram precocemente, como indica o complexo uso do 'soma/haoma' entre os povos indo-arianos (védicos) e indo-irânicos, e o grande interesse que os primeiros taoístas da China demonstravam por plantas que se supunha tivessem propriedades psicoativas, sem falar nas misteriosas poções ingeridas nos rituais iniciáticos de Elêusis, nos tempos gregos.


Os xamãs são os antepassados imediatos dos professores de meditação e dos mestres espirituais de que ouvimos falar na literatura primitiva.
(há ser continuado... O fim dos tempos védicos e a aurora dos yogues, que já não se valiam mais das plantas de poder para alcançar o êxtase meditativo.)

Texto organizado por Rogério Meggiolaro, Baseado na obra: "Do Xamanismo à Ciência" - Williard Johnson, Ed. Cultrix.

domingo, 6 de setembro de 2009

Os Quatro Acordos / The Four Agreements

1. Seja Impecável com sua Palavra:
Fale com integridade. Diga somente o que você quer dizer. Evite usar a Palavra para falar contra si mesmo ou para fofocar sobre outros. Use o poder de sua Palavra na direção do amor e da verdade.

2. Não Tome Nada Pessoalmente:
Nada que as pessoas falam é por causa de você. O que os outros falam e fazem é uma projeção de sua própria realidade, de seus sonhos. Quando você estiver imune às opiniões e ações dos outros, você não será vítima de sofrimentos desnecessários.

3. Não Faça Suposições:
Encontre a coragem para fazer perguntas e para expressar o que você verdadeiramente quer. Comunique-se com os outros tão claramente quanto for possível a fim de evitar desentendimentos, tristezas e dramas. Com este único acordo você pode mudar completamente sua vida.

4. Faça Sempre o Seu Melhor:
O seu melhor mudará momento a momento; será diferente quando estiver saudável, assim como quando adoecido. Em qualquer circunstância, simplesmente faça seu melhor, e evitará o auto-julgamento, o auto-abuso e o arrependimento.

1. Be Impeccable with your Word: Speak with integrity. Say only what you mean. Avoid using the Word to speak against yourself or to gossip about others. Use the power of your Word in the direction of truth and love.

2. Don’t Take Anything Personally: Nothing others do is because of you. What others say and do is a projection of their own reality, their own dream. When you are immune to the opinions and actions of others, you won’t be the victim of needless suffering.

3. Don’t Make Assumptions: Find the courage to ask questions and to express what you really want. Communicate with others as clearly as you can to avoid misunderstandings, sadness and drama. With just this one agreement, you can completely transform your life.
4. Always Do Your Best: Your best is going to change from moment to moment; it will be different when you are healthy as opposed to sick. Under any circumstance, simply do your best, and you will avoid self-judgment, self-abuse, and regret.